domingo, 9 de outubro de 2011

Crescer sem perder a essência

Evento no CRA-SP debateu a importância da gestão de pessoas no sucesso das empresas

Apresentar soluções aplicáveis e testadas na administração de pessoas que as ajudem a enfrentar as dificuldades tradicionais para a prática eficaz e diferenciada em  resultados positivos nos negócios, bem como desmistificar as tecnologias sistêmicas de gestão. Esse foi o objetivo que levou o Grupo de Excelência Administração de Pessoas do CRA-SP a realizar um debate que contou com a participação de Sonia Rica, diretora corporativa de Recursos Humanos da Porto Seguro, e do administrador Elcio Anibal de Lucca, presidente do Luccra Lucro com Responsabilidade e do Conselho  Superior do Movimento Brasil Competitivo. O evento teve como mediadores os administradores Laerte Leite Cordeiro, consultor da área de Recursos Humanos, e Walter Lerner, consultor em arquitetura organizacional. Os dois são, respectivamente, coordenador e vice-coordenador desse grupo de excelência. Para uma empresa, como a Porto Seguros, que tinha 400 funcionários em 1986, e hoje abriga 12 mil, estabelecer cenários para os próximos anos é fundamental para garantir sua sobrevivência. Segundo Sonia,  sem a participação dos funcionários nesse processo, seria impossível. O desafio é continuar crescendo sem perder a essência e buscar alternativas que  garantam que, por meio da gestão de pessoas, não iremos nos perder no próprio caminho. Por isso, planejar por longos períodos pode contribuir para que muita coisa saia do trilho, mas dificilmente fará com que deixemos de seguir a trilha desejada, destacou. Sonia explicou que o modelo de administração da Porto Seguro é baseado em valores corporativos. Usamos a sabedoria do ser humano na utilização dos recursos e nas relações com os clientes. Isso permite que trabalhemos com a ideia de quem somos, onde queremos chegar, e como queremos chegar, o que facilita traçar metas de onde pretendemos estar em poucos anos. Foi assim, em 1998, quando a empresa definiu como deveria ser 2005 –“95% do que foi agendado foi cumprido.
E está sendo agora, em que mais de 700 líderes são estimulados a pensar como serão os negócios da companhia daqui a sete anos e até mesmo como será sua interação com a sociedade. A bem da verdade, trata-se de um olhar sobre coisas que poderão virar realidade, e que agreguem valor real. É o caso dos kits lanches que distribuímos durante o atendimento ao segurado. A ideia veio de um guincheiro que dava água às crianças, enquanto o carro era reparado. Quando tínhamos apenas 300 funcionários, observar coisas assim era fácil. Daí o nosso esforço para mantermos a simplicidade, finalizou.

Mente, corpo e espírito

Por trás do sucesso duradouro de uma empresa tem um líder que sabe ver gente. Infelizmente, são poucos os que pensam nas organizações como seu verdadeiro papel, que é o de tornar as pessoas felizes. O mercado brasileiro tem sido invadido por filosofias que exigem resultados trimestrais em troca de bônus fantásticos, o que inviabiliza falar em planejamento a longo prazo, exclamou o administrador Elcio Anibal de Lucca. Ao falar sobre a forma como foi criado, disse ter sido educado em um ambiente em que o ser humano era provido de mente, corpo e espírito. Havia os lados racional e emocional. Levei isso para as empresas pelas quais passei, destacou de Lucca, que foi agraciado com o título de administrador emérito pelo CRA-SP em 2004. Hoje, as pessoas são muito materialistas, se afastam rapidamente  das coisas. É uma geração extrativista, que tira muito da natureza e devolve pouco às pessoas, complementou. Durante os 20 anos que comandou a Serasa, hoje Serasa Experian, implantou um novo modelo de gestão, representado por três pilares: planejamento e gestão estratégica, foco matricial-bipolar e o processo de qualidade. Esses três elementos trabalham em harmonia, sempre objetivando a prestação dos melhores serviços e, consequentemente, o desenvolvimento do País. Chamo de foco matricial uma estrutura inovadora que enfatiza as atividades e exige a participação de todos, com direitos e obrigações, em que são vistos como uma coisa só. Tudo isso precisa de método, pois sem ele não adianta o conhecimento, a liderança. É isso que garante a matricialidade. A bipolaridade, segundo ele, advém do fato de que no processo de inovação das empresas essa tarefa não pode ficar restrita a um só departamento. Todos devem participar. Por isso, cada área contempla dois diretores: um para o dia a dia; outro, para olhar o futuro, as novas tecnologias, permanentemente." De Lucca ainda afirmou que os administradores são responsáveis pelo que a sociedade é, pois a eles compete a obrigação de tornar as empresas felizes para que seus clientes também assim o sejam. Os dois lados precisam ganhar, finalizou, ao conclamar que as organizações deixem de pensar que desenvolvimento profissional é apenas treinar e preparar as pessoas, mas sim um exercício que favoreça também o crescimento pessoal. Só assim alcançarão a cidadania empresarial. Para Cordeiro, que também é conselheiro da Associação Brasileira de Recursos Humanos, os exemplos apresentados pelos palestrantes mostraram ser possível a criação de um executivo sustentável. Os dois investiram em conhecimento e o colocaram em benefício de suas carreiras. Também investiram em competência, não aquela que procura somente os resultados, mas a que contribui a cada dia com a construção de um cenário melhor dentro de suas atividades profissionais, concluiu.



Fonte: Revista Administrador Profissional - Setembro/2011

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